

Foi em um dia ordinário...
Foi em um dia ordinário, em uma quinta-feira a noite,
que eu percebi que a vida
não tem um sentido.
Não tem uma direção pré-determinada para seguir.
Quando o amor acabou, pensei:
o que há por vir?
Não se sabe, não se espera, não se calcula
Quando o dia acabou, pensei:
o que haverá amanhã?
Nada mais que outro dia como o dia de hoje
Com as mesmas programações, as mesmas ações
pré determinadas:
o café da manhã, o banho, o trabalho
Quando o ano acabou, pensei:
o que será do ano que vem?
Outro emaranhando de acontecimentos
Determinados pelas condições dos meses
Imposto pelo tempo a expectativa de uma mudança
Chega-se ao fim do ano sem saber o que acontece
Esta vida é uma frequência
uma sucessão de eventos
Porém, sem direção final
MEANINGLESS
No momento, sinto que não há nada
Nada mesmo, vivo em mim
Vivo de propósito
Não há expectativa do futuro
Há uma eterna enganação:
pensa-se que o futuro é programado
Que seguirá uma ordem
No fim, o ser muda, nem busca mais aquilo que projetou para o futuro
Se somos imprevisíveis,
Se a vida é imprevisível
Por que a insistência
De que a vida TEM UM SENTIDO?
Por que eu devo procurá-lo?
Por que as pessoas tem perseguições vazias?
Sonhos que elas nem se perguntam
como foi parar dentro de suas mentes?
Por que nos agarramos a sonhos que não são nossos?
Por que damos a vida e o sangue para ter um sentido?
Por que sofremos ansiosos por esse futuro que nunca vem?
E o concretizamos tão veemente e nos tornamos tão tristes no final?
Talvez tenha sido a minha libertação:
pensar que amanhã não haverá nada de bom
Que o ano que vem não me tornará nada melhor
Que amanhã dará tudo certo, ou tudo errado
Não me cabe pensar mais de forma tão diminuta
Apenas gosto desse momento, de apreciar
a calmaria que existe dentro do meu peito
ao pensar, que não tenho nada nem ninguém a me esperar
Gosto da calmaria de pensar que não tenho que chegar lá
Naquele futuro projetado, irreal, falso, herdado
Que não existe, ele não existe
O que existe sou eu, no presente, e totalmente no presente
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