terça-feira, 6 de setembro de 2022

setembro 06, 2022 - No comments

A Terra vista de fora pela primeira vez

 


    Estava assistindo o episódio sobre a Corrida Espacial em um documentário da Netflix chamado "História - direto ao ponto" e me encantei particularmente com a cena do momento exato em que um astronauta está tirando a foto acima, conhecida como a primeira foto da Terra.
     Essa foto foi tirada na missão Apollo 8, que levou o homem a Lua. Antes dessa missão, houve outra, na qual os astronautas apenas orbitaram a Lua. A descrição de um astronauta dessa viagem espacial foi: 

"Eu sei que a Lua é diferente para cada um de nós, eu sei que a minha maior impressão é uma existencia, ampla e solitária e inóspita. Uma vastidão de nada. Faz a gente perceber o que temos na Terra. A Terra daqui é um grande oásis na imensidão do espaço."
    
    Na missão Apollo 8, o astronauta fica tão impressionado com a Terra subindo no horizonte da Lua que pede uma fita colorida para tirar a foto, então nasce a "Earthrise", nome que levou a foto acima.

O astronauta descreve: 

"A terra era a única coisa colorida no universo. Era muito solitário e o universo é totalmente preto. Acho que nos deu uma sensação de: melhor cuidarmos bem dessa bolinha de gude azul"

    Parando pra pensar, os primeiros pensamentos que nossos astronautas tiveram ao observar a Terra de fora foi a sensação de solidão. Assim como acontece no Macrocosmo, acontece no Microcosmo. Acho que a sensação de solidão é uma coisa inerente ao ser, que todos vão sentir ao menos uma vez na vida. Ainda que vivemos em sociedade, somos corpos únicos e assim como a Terra é um corpo único na vastidão do universo convivendo com outros corpos, ela ainda é 1, sozinha no espaço, navegando em uma órbita, cumprindo seu papel, independente e dependente ao mesmo tempo - interdependente. 
    Penso que ao dizer que "é melhor que cuidemos bem dessa bolinha de gude azul", penso que ao dizer que "a Terra é um oásis na imensidão do espaço", alguém que tem uma visão como essa deve ter voltado para a Terra com uma concepção muito diferente de tudo que acontece aqui. Foi a primeira vez que o homem foi capaz de se retirar e se ver de longe, ser um observador da existência. 
    Eu que parto sempre de uma concepção espiritual na hora de refletir sobre as coisas do mundo, tento fazer esse movimento de retirada, de mim, da Terra, sempre que possível, ou pelo menos, sempre que sinto que preciso me desafogar de como as coisas são aqui, da minha forma, em meditação.
    Em um dos marcos na Corrida Espacial, um astronauta ficou fora por tanto tempo (de acordo com o tempo da Terra), que na sua volta ele não teve onde pousar, pois o mundo Soviético estava em Guerra, estava colapsando. Imagine o que é observar a Terra de longe, ver ela pequena, talvez até valorizá-la mais de acordo com a percepção de que ela é a única coisa que temos em anos-luzes no espaço e você voltar encontrando o mundo em guerra. Pense na frustração depois disso de ver o mundo colapsando em poluição, efeito estufa, desacordos políticos, desigualdade, inflações, crises. 
    Talvez se todos nós conseguíssimos sair da Terra e nos observar de longe, seríamos seres humanos melhores. Se conseguíssemos sair de dentro de nós mesmos e observar nossas ações, seríamos mais conscientes, mais prudentes, talvez. Observando que a coletividade é uma ilusão e que somos corpos dividindo um espaço com outros corpos e que por isso deveríamos nos respeitar mais, antes de destruir universos pessoais com nossos egos. Sair da Terra e pensar que deveríamos cuidar mais dela, seria sair do nosso Eu e saber que deveríamos cuidar melhor dele, pois ele é a única coisa que nós temos e que só nós podemos fornecer o oásis para nós mesmos. 
    No final somos a única coisa que temos, assim como a Terra, somos nós: um organismo vivo. Abrigamos dentro de nós todos os elementos dela. Somos filhos dela. Somos ela.


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