

Morgana Le Fay e a lealdade acima de todas as coisas
Morgana deixou o cargo que ocuparia de Senhora de Avalon porque sua dor foi grande demais. Chegara o dia que ela teve ódio por sua Senhora, a Deusa Viviane e Morgana se foi...
Seu fardo era grande demais para carregar, sabia que seu destino era lutar pela sobrevivência da Ilha Sagrada, Avalon, independente da forma que faria isso. Além de ter que se preocupar com o mundo superior e o mundo dos homens, tinha que lidar com suas companhias, com os amores, com as dores, com o treinamento de sacerdotisa, com o futuro dela própria e do filho de Arthur que foi concebido em um ritual sagrado, sem saber que era seu irmão com quem se deitara.
Morgana aprendeu em seu treinamento de sacerdotisa a ser impassível, silenciosa, a controlar suas emoções.
Morgana me ensinou muito como sacerdotisa; e chegou o primeiro momento em que descordei de suas ações, que achei que ela estava cega, agindo pelo ego.
Mas o que deixou ela verdadeiramente cega foi seu amor por Avalon e pela preservação da Antiga Religião. Morgana não suportara ver Arthur oferecendo a Excalibur para Cristo, isso era varrer Avalon para longe, a terra a qual ela jurou lealdade até o fim. Mesmo com o mundo todo, inclusive Kevin, o Merlim da Bretanha, indo contra as crenças de Morgana, ela se mantinha firme no porquê Avalon colocara Arthur no trono: pela sobrevivência da Ilha nesse mundo.
Morgana nunca teve muitos amores, nem a possibilidade e liberdade de amar. Nunca foi controlada por isso, nem sonhava com um mundo onde poderia viver o amor. Porém, todas as vezes que se entregara ao amor, o fazia de corpo e alma, o fazia como uma verdadeira sacerdotisa, entregando o seu corpo ao Deus. E ela se tornava a Deusa nesse momento em sua plenitude total.
Um de seus grandes amores fora Acolon, mas mesmo solteira ela nunca se casara com ele, se casara com o pai dele. Mas tinha encontros escondidos com Acolon, que também era leal à Ilha Sagrada.
Ela viveu momentos de grande conexão entre Deus e Deusa com Acolon, momentos de embriaguez, de amor; e sempre controlou isso muito bem nela, também limitando a paixão de Acolon quando era necessário.
Mas por amor maior à Avalon, Morgana entregou Acolon e Arthur para a morte. Bolando um plano para que os dois se enfrentassem e quem saísse vitorioso com a Excalibur seria rei de toda Bretanha, e se fosse Acolon o vitorioso, a terra poderia viver em paz com Avalon, sem a interferência direta de padres e cristãos.
Eu descordei do plano o tempo todo, pois não via uma forma na qual ela não sairia queimada, prejudicada e vista com maus olhos.
No final de tudo, quando Acolon morreu e Arthur mantivera o trono, eu entendi que Morgana sacrificara tudo sempre por Avalon.
Hoje em dia Avalon não está mais aqui, e não se busca afastar as brumas para que seja possível vislumbra-la como uma ilha qualquer. Agora tenta se preservar o conhecimento antigo que existia nela e afastar as brumas da ignorância que nos impede de enxergar o além-mundo. Agora tenta-se criar Avalon.
Por Morgana, por Acolon, por Viviane, por Raven, Merlim, Niniane e Nimue. A todos que tiveram que sacrificar sua vida pela Velha Arte. Por todos que não hesitaram em se dedicar, a confiar no escuro, a se desafiarem diante da sensação de incapacidade, a todos que pensaram além de si próprios, além de sua geração, que pensaram naqueles que felizes dançavam em volta das fogueiras e deitavam-se em nome do Deus Chifrudo e da Grande Deusa.
O mundo que foi tomado pelos padres, suas igrejas, sinos e cristãos violentos acusadores, torturadores. Quantos morreram por essa guerra santa?
E nós, humildemente, lutamos pela alegria de nosso povo, de poder experimentar a magia de Avalon novamente, de saber que nossos semelhantes de outro mundo se esconderam pela violência desse mundo.
E é alguém como Morgana La Fay, minha grande inspiração, que tenho muito a fazer além dos grandes amores, muito a apreder e a dedicar, antes que possa descansar debaixo dessa terra; e somente poderei fazer com plenitude quando saber que do fruto do nosso trabalho, há um lugar seguro que possa recordar Avalon das nossas memórias mais primitivas.
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