março 30, 2021 -
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CREPÚSCULO DA ALMA
CREPÚSCULO
A alma se encontra em um longo crepuscúlo, onde não há nem sombras nem luz. Após contemplar a luz laranjada do sol poente, eu me sento e espero o crepúsculo terminar a sua passagem. Mas agora preciso ficar aqui sentada por um longo período, até que o vazio da falta de luz e sombras passe. As coisas parecem distorcidas pela proximidade da escuridão e pelo se esvair da luz. Poderia até ser o contrário, mas num espaço que habita o nada eu não poderia dizer onde começa e onde termina o vazio. Se o universo não suporta o vazio, como ele pode dedicar um tempo e um espaço para que ele exista com tanta plenitude? É um portal onde deixamos as coisas, e onde eu me sento agora pacientemente esperando por um faixo de luz ou por uma escuridão completa. Em qualquer uma das duas extremidades eu poderia saber onde eu estou pisando, eu poderia lidar; exceto com a falta das duas. E ninguém virá me avisar quando o crepúsculo da alma passar. Ninguém irá me levantar da cadeira, até o que o tempo decida passar por si próprio, em seu próprio ciclo, no seu tempo. E embora eu sinta agonia de não ver quase nada, e não poder fazer nada a não ser contemplar meu próprio vazio, eu suporto isso com paciência. É só uma fase, tento me convencer... Mas a fase parece nunca acabar mesmo quando acaba. É como um dia após o outro: a luz sempre aparece, mas o crepúsculo sempre estará lá antes ou depois dela. E disso eu jamais poderei fugir.