quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

dezembro 03, 2020 - No comments

Reflexões sobre o Conhecimento a partir de Gêmeos e Sagitário

Algumas vezes enquanto rolava o feed do Facebook vi o mesmo post sendo compartilhado, as vezes com algumas alterações, mas com a mesma ideia, que dizia "as pessoas acham que sou inteligente, mas na verdade tenho apenas várias informações superficiais acumuladas" ou "as pessoas acham que sou boa em algo, mas na verdade só sei um pouco de várias coisas, o que me faz ser mais ou menos em todas elas". É impressionante como vejo esse post rodando e também como me identifico com ele, da mesma forma que, por estar sendo tão compartilhado, é que todas essas pessoas também se identificam com a ideia. Numa dessas pensei "mas ora... todos fazem isso!" ou seja, todos, principalmente nos dias atuais, acumulam várias informações superficiais e bancam de inteligentes por aí. As pessoas pegam 10% de algum tipo de conteúdo para ler ou absorver e constroem todo o resto em improvisações e discursos aos quais elas relacionam com outros tipos de conteúdos que já possuem e que são igualmente superficiais. 

Não atoa, estamos na era da informação mais desinformada, a qual cria confusões, fake news e distorções o tempo todo. Bom, o foco aqui não é a informação, algo que é também do âmbito de Gêmeos, mas sim o próprio conhecimento. Por mais que os termos sejam semelhantes, a diferença entre os dois é que a informação, mesmo servindo também como um veículo para o conhecimento, se difere deste pois está centrada em um tipo de "notificação" de um locutor para um interlocutor, algo que caminha entre as vozes e os ouvidos. É o ato de tomar ciência de algo, como um jornal que informa e faz você saber, mas não exatamente conhecer esse algo. O conhecimento se torna um termo mais complexo aqui, não só pela sua importância filosófica, que foi discutida por séculos, mas também pela complexidade do próprio ato de absorver um conhecimento. 

O que está acontecendo no decorrer dos anos é que a informação está sendo valorizada de maneira exagerada e o conhecimento genuíno está sendo descartado. Onde quero chegar é que o que está havendo é, na verdade, um desrespeito ao conhecimento, e isso possui inúmeros desdobramentos.

Gêmeos é o primeiro ímpeto de buscar expansão de conhecimento dentro do Zodíaco, aquele momento que você precisa reunir referências e dados para construir o que é necessário para crescer. É nesse momento também que as relações externas são buscadas como fonte de aprendizado. Por isso geminianos costumam trazer vários conhecimentos excitantes para compartilhar (o que em alguns casos também são fofocas) e por isso mesmo, também colhem de nós informações e levam para outros cantos. Ele precisa estar sempre em movimento, sua mente está sempre absorvendo grandes cargas de conteúdo, ultrapassando muitas vezes sua própria capacidade mental. Geminianos podem se perder em meio a tantos interesses e coisas que absorvem dos outros, procurando desenfreadamente conhecer.

Poderia até dizer que, o fato de Gêmeos ser um signo tão polêmico e odiado é porque o que seus nativos fazem reflete algo que todos fazem também, mas rejeitam fazer e negam que fazem. Todos querem ser os donos da verdade, mas estão todos repetindo esse mesmo de comportamento, de absorver várias coisas superficiais, serem mais ou menos em tudo e não ter nenhum tipo de respeito pelo conhecimento que dizem possuir.

O que me levou a pensar nisso tudo foi perceber que o conhecimento é um organismo vivo; ele existe em seu sistema e possui muitas camadas e desdobramentos, até porque um conhecimento, seja antigo ou novo, com o tempo vai recebendo contribuições de pessoas que também o estudam (da mesma forma que eu, por exemplo, posso estar acrescentando aqui no estudo sobre Gêmeos e Sagitário). Digo que é um organismo vivo, pois quando você vai explorando e se abrindo para o conhecimento ele também se abre para você, como se ele se comunicasse com você. Conhecer algo geralmente também se trata de SE conhecer e inevitavelmente ver sua vida dentro daquele conhecimento. Um matemático por exemplo pode explicar a vida com números, pode olhar para o universo e ver seus problemas sendo resolvidos como fórmulas. Me lembro de Mr. Robot em que Elliot, o hacker protagonista da série, compara a vida à códigos de programação e ao sistema 0 e 1. Eu mesma olho para o mundo e vejo os planetas e signos em qualquer coisa. Qualquer coisa pode ser encaixada no sistema astrológico para mim. O conhecimento é uma ótica, é algo que se adquire com a vivência, com o refletir, pensar, praticar, incorporar em sua vida. Isso explica porque as pessoas passam pela escola e não aprendem nada ou acham tudo desinteressante. A importância que é dada hoje em dia para a absorção de diversas informçaões diferentes não criam um conjunto coerente para o indivíduo, e então ele não incorpora aquilo na sua vida, porque simplesmente não é relevante. 

O desrespeito ao conhecimento não se aplica só na forma a qual ele é buscado, pois essa atitude geminana de conhecer não é pecaminosa; também não é só na forma que ele é absorvido, mas pricipalmente na forma que ele é tratado.

O que nos leva diretamente à Sagitário, signo igualmente conhecido por se tratar dos estudos e pelo "ensino superior", aquele que vai além; o filosófico, espiritual e religioso. Sagitário tem o grande ímpeto no desenvolvimento do conhecimento na forma que estou apontando nesse texto, aquele de incorporar na sua vida. De fato, sagitarianos costumam ter um gosto muito forte por aprender e estudar, mesmo que não seja da maneira convencional. O problema que pode permear a vida dos nativos desse signo é justamente sua vaidade intelectual e a sensação de superioridade pela sua inteligência ou experiência de vida, que geralmente também vem da absorção de vivências com outras pessoas ou ambientes. Percebe-se aqui que não estou falando especificamente de sagitarianos ou geminanos, estou falando de um comportamento geral, comum, usual dos tempos atuais que pode ser explicado através das questões que esses dois signos levantam.

A absorção superficial de informações que criam a ilusão de estar conhecendo algo leva o indivíduo ao comportamento social de superioridade, de se sentir mais inteligente por ter lido um post no twitter ou um texto de três parágrafos no instagram. O que me incomoda mais ainda é em pensar que essas plataformas possuem um limite de caracteres e mesmo que o conhecedor seja um real conhecedor, ele deve entregar uma síntese bem minúscula do que ele sabe para o público, dando continuação a era da informação desinformada.

Eu poderia culpar a rede social se a internet não fosse vasta. Poderia culpar as relações sociais, se os conhecimentos, mesmo que alguns sejam dificíeis de acessar, estejam disponíveis para você, se você realmente os desejar. 

Fico impressionada que as vezes estou estudando sobre algo e vejo uma propaganda falando disso na TV. Passo por algum lugar e vejo alguém comentando. As vezes o que você está buscando aprender está em lugares inusitados e nem sempre estão sendo transmitidos pelos códigos de linguagem que conhecemos. Nem sempre é verbal.

Fui ensinada que conhecimento é poder. Meu mentor me disse isso quando eu tinha 16 anos e na época estava no Ensino Médio; levei para a literalidade e virei uma excelente aluna na escola e absorvi todo o conteúdo sobre ocultismo e magia que ele disponibilizou para mim também. Eu queria poder, inteligência e soberania. Queria conhecer tudo que estava ao meu alcance, mas infelizmente não tratei aquilo com o respeito e a paciência necessária que essas coisas exigiam para serem eficazes. Me tornei informada, mas demorei a saber como aplicar aquilo na pratica, o que no fim das contas serviu muito pouco ao seu real propósito, já que usei apenas para envaidecimento e propósitos egoícos. Eu desrespeitei incontáveis vezes o que aprendi, no delírio da superioridade. 

Se todos realmente possuessem conhecimento como mostram e se amostram possuir, nossa humanidade já teria evoluído - coisa que óbiamente não está acontecendo. De fato, conhecimento é poder, o que já mostra que não vem de mão beijada, não vem de qualquer jeito. As informações sim, chegam rápido, voam rápido e correm por aí. Quem pega esses fragmentos no ar e tratam como se fosse o maior estudioso daquilo e dininui quem não sabe está sendo o mais ignorante de todos.